terça-feira, 26 de dezembro de 2017

VAI ACABAR O MONOPÓLIO DAS NAÇÕES SOBRE A MOEDA?

VAI ACABAR O MONOPÓLIO DAS NAÇÕES SOBRE A MOEDA?

Imagine-se vivendo na Espanha em 1630. Naquela época Estado e religião eram interligados. O catolicismo era a religião oficial do Estado. Você poderia se converter ou morrer. A igreja tinha seus dogmas, por exemplo, que o Sol girava em torno da Terra.

Se você discordasse do status quo você seria considerado um herege. Se você fosse um herege você seria submetido à Santa Inquisição da Igreja Católica.

Hereges poderiam se retratar publicamente, como foi o caso de Galileu, ou morrer por suas crenças, como ocorreu com Giordano Bruno. Foi preciso séculos e gerações de reformistas para separar o Estado da Igreja. E, graças a Deus, nossas instituições evoluíram.

Mas, imagine que você é um cidadão do Império Espanhol em 1630 e alguém te dissesse que seria melhor separar o Estado da religião. Qual seria a sua reação? Bem, estamos em 2017, e eu te farei uma afirmação tão controversa quanto àquela feita no século XVII:

O Estado e a Moeda devem ser separados, pelo bem dos cidadãos.
Por séculos nós confiamos em duas instituições para proteger o nosso dinheiro: os Estados-Nações para emitir e controlar a oferta da moeda, e os bancos para guardarem o nosso dinheiro e garantir que o pagamento não seja efetuado em duplicidade.

Nós não temos voz nesse acordo. Como dito por Rousseau, este é um contrato social que já existia antes de nós nascermos. Nós abrimos mão de um pouco de nossa liberdade e em troca ganhamos a proteção do Estado, inclusive a proteção do nosso dinheiro. Mas, existe uma questão antiga e ainda relevante nos dias de hoje: “Quem vigia os guardiões?”

O dinheiro é uma construção social. Ele vale tanto quanto as pessoas acreditam que ele vale. Os grãos já foram moeda, assim como o sal, depois o ouro, depois o papel-moeda lastreado em ouro, depois apenas o papel-moeda emitido pelos Estados-Nações

E nós não tínhamos outra alternativa às moedas fiduciárias e ao sistema bancário até Satashi Nakamoto publicar seu artigo. Bitcoin e a tecnologia do blockchain abriram a caixa de pandora. Em vez de confiar nos Estados, agora nós podemos confiar em códigos e criptografia. Por isso, pensadores como Dan Tapscott nos convidam a pensar: “Não é tempo de um novo contrato social?”