
Não há um perfil único ou mesmo majoritário entre aqueles que aderem às chamadas criptomoedas, ao contrário, há uma ampla gama de usuários, investidores e entusiastas com grande diferença de pensamento e ideais que os fizeram apostar nessa tecnologia disruptiva e fascinante.
Várias visões filosóficas, políticas, econômicas, tecnológicas se misturam num enorme caldeirão de curiosidade e interesses diversos da parte de pessoas que encontram nas criptomoedas uma forma de expressar aquilo que elas valorizam.
Fator 1: Tecnologia
Provavelmente, as primeiras adesões às criptomoedas vieram dentre aqueles interessados em novidades tecnológicas. Quando Satoshi Nakamoto lançou seu white-paper a respeito do “sistema eletrônico de dinheiro digital P2P” o Bitcoin estava longe de ser o sucesso que viria a se tornar quando as soluções de Satoshi para as dificuldades inerentes à criação de dinheiro digital fossem testadas e aprovadas, gerando uma valorização do protocolo do Bitcoin cujo valor monetário se materializou em uma escala sem precedentes na história recente.
O interesse em tecnologia não é sinônimo perfeito de interesse em áreas como economia e finança, mas aqueles que se encantaram com a tecnologia do dinheiro digital e se envolveram com a moeda na prática por causa disso provavelmente viram seu investimento inicial lhes criar maior interesse econômico e financeiro. Sua inclinação inicial à tecnologia lhes abriu um mundo de oportunidades potencialmente lucrativas.
A característica da “descentralização” e do uso de “código aberto” certamente contribuíram muito para trazer ao mundo das criptos uma grande quantidade de pessoas com capacidade de colaborar com a melhoria da própria rede, bem como com a criação de novas moedas e novas aplicações para a Blockchain. Esse é e continuará a ser um campo extremamente pujante de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
Fator 2: Economia
Um sistema de dinheiro digital não poderia ser ignorado por aqueles cujo interesse primordial é o mundo das finanças, dos ativos, do investimento e da economia de uma forma geral. O contexto do nascimento do Bitcoin em meio à crise financeira de 2008, aliado ao “clamor” por uma forma de proteger as pessoas das arbitrariedades e fraudes no sistema financeiro hegemônico, ajudou bastante a tornar o interesse naquilo que viria a se tornar o mundo das criptomoedas em algo mais sólido e de amplo alcance.
Visões econômicas de mundo entram em conflito em torno da legitimidade das aplicações disruptivas das criptomoedas, e em torno dos possíveis (ou já atuais) impactos da tecnologia sobre regiões macroeconômicas e governos.
Fator 3: Política
As criptomoedas são fruto de uma revolução tecnológica e econômica, mas também de uma revolução social de fortes implicações políticas; e rapidamente essa caraterística chamou a atenção de muita gente interessada em caminhos políticos diferentes daqueles que prevalecem no mundo.
As relações de poder entre os seres humanos são complexas e uma “tecnologia de implicações econômicas” não é, por si mesma, suficiente para mudar a natureza humana ou a interligação de interesses entre diferentes grupos de pessoas, mas é fato que a existência das criptomoedas acende a esperança de muitos na viabilização de projetos políticos que minem o atual sistema e demandem mudanças estruturais e radicais nele.